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Referências no Brasil

Conheça a aplicação da prática no Brasil através de sua história, mapeamentos, modelos adotados pelas principais organizações e ainda projetos que lutam pelo seu desenvolvimento!

Após vitórias em 2017 e 2018, em 2019 o Brasil foi o terceiro país que mais inscreveu projetos no Data Journalism Awards, atrás apenas de Estados Unidos e Reino Unido. Também foi o único latino-americano entre os dez países com mais inscrições na última edição do prêmio, que reconhece a excelência em jornalismo de dados do mundo todo e é o maior da área. Esse desempenho é resultado de uma longa trajetória: há quase uma década, veículos tradicionais do país passaram a impulsionar e fortalecer suas produções através do jornalismo de dados. Exemplos pioneiros incluem a Folha SP Dados (2012) - e ainda antes o seu blog Afinal de Contas, o Estadão Dados (2012), Nexo Jornal (2015) e o G1 (Globo). No Brasil, desde seu primeiro marco significativo em 2012, várias agências e escolas voltadas ao seu exercício seguem surgindo no país. 

O design de informação tem um papel importante nesse contexto e o Brasil também é referência mundial em infografia - através de jornais como o Nexo Jornal, Estadão, O Globo, Folha de SP e revistas como a Superinteressante, entre outras publicações. Ela ganha um papel cada vez mais relevante, enriquecendo a narrativa visualmente, criando empatia e ampliando a compreensão das pessoas sobre os assuntos abordados. É crucial inclusive que seja usada como ferramenta de comunicação e persuasão neste momento crítico que estamos vivendo, de forte polarização política e profusão de fake news: um bom exemplo deste potencial pode ser visto na matéria "Como Bolsonaro votou nos últimos 20 anos na Câmara". 

A evolução do jornalismo de dados nacional é notável e já conta com um manual para redaçõesuma iniciativa de mapeamento nacional, além de uma Conferência (Coda.Br) e Prêmio (Cláudio Weber Abramo) exclusivos. Também foi uma prática imprescindível para o avanço da transparência no país: em 2017, a Abraji chegou até mesmo a ganhar o destacado reconhecimento internacional com o trabalho CTRL-X, que monitora ações judiciais contra divulgação de informações. Cabe salientar ainda que a ética de seu exercício é debatida por referências tradicionais da classe (como o Observatório de Imprensa) ou na academia, por meio de núcleos de pesquisa como o Ética Jornalística.

□ O Pioneirismo de
Cláudio Weber Abramo (1946-2018)
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Não há como falar no assunto sem retomar o legado do Bacharel em matemática pela USP e mestre em filosofia da ciência pela Unicamp, Cláudio Weber Abramo. Vanguardista no país, foi não só uma das principais referências em jornalismo de dados, mas também no combate à corrupção e na luta pela integridade das instituições públicas. Seu principal legado foi o questionamento permanente das informações oficiais. A maior parte da sua carreira foi dedicada a ampliar a transparência e o acesso aos dados públicos, tendo papel determinante na criação de projetos de bancos de dados e informações públicas, sendo celebrado por seu protagonismo na campanha pela aprovação da Lei de Acesso à Informação, sancionada em 2011. 

Por diversas vezes recomendou ceticismo, investigação e reconhecimento das complexidades como elementos necessários a um exercício digno do ofício. Um dos seus primeiros projetos foi o “Às Claras”, plataforma que reúniu gastos nas eleições. Também auxiliou na elaboração da plataforma “Excelências”, projeto da Transparência Brasil (ONG dedicada à promoção da transparência e combate à corrupção da qual foi cofundador) que apresenta o histórico de parlamentares brasileiros, incluindo informações como bens, processos e atividades realizadas. Ele atuou ainda em vários veículos de mídia - foi editor de economia da Folha de S. Paulo (1987) e secretário-executivo de redação da Gazeta Mercantil (1987-88). Contribuiu com outras publicações, como o jornal Valor Econômico. Em 2017, cofundou também a Dados.Org, organização dedicada à coleta, organização e disseminação de informações provenientes do poder público.

 

Faleceu em 2018 e dá nome ao Prêmio nacional de jornalismo de dados. Era filho de Cláudio Abramo, um dos mais importantes jornalistas de sua geração, que dirigiu a Folha e o Estado de S.Paulo. Sua mãe, Hilde Weber, foi a primeira chargista mulher da imprensa brasileira, cuja obra o filho vinha trabalhando para organizar em um acervo com acesso do público. 

□ Mapeamento Nacional

No primeiro semestre de 2019, o pesquisador Mathias Felipe de Lima mapeou 52 iniciativas de todos os tamanhos pelo Brasil e criou o website colaborativo #DDJBR - Aqui tem Jornalismo de Dados!. A ideia é que jornalistas possam cadastrar outras organizações e contribuir com o mapeamento da prática. Das 52 organizações identificadas pelo estudo, 23 estão em São Paulo. A capital paulista é seguida pelo Rio de Janeiro, com 13 organizações. Juntas, essas metrópoles respondem por 69,2% das entidades que trabalham com jornalismo de dados no Brasil. Para Lima, a restrição da prática às grandes capitais afeta o papel da imprensa como “cão de guarda” da sociedade (ele compartilhou suas impressões sobre a experiência em entrevista à IJNet, e também através de um artigo para o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação).

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| Mapeamentos de Veículos Locais

O Atlas da Notícia é uma iniciativa de dados abertos que mapeia veículos que produzem conteúdos jornalísticos, com foco no jornalismo local, em todo o território brasileiro. O projeto é financiado pelo Facebook e realizado pelo Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor) em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) e 22 escolas de jornalismo, além da Volt Data Lab.

Segundo os dados encontrados, 62,6% dos municípios brasileiros não possuem veículos de jornalismo local. Nos 3.487 municípios chamados de “desertos de notícias”, não existem veículos de comunicação de nenhum tipo, de modo que os residentes  têm acesso somente a informações provenientes de noticiários que cobrem acontecimentos de todo o país. Se já é preocupante que mais da metade do país não tenha acesso à notícias sobre o local onde mora, a pesquisa aponta, ainda, outro aspecto alarmante: os “quase desertos”. Essas cidades possuem no máximo dois veículos de comunicação, que representam 19,2% do total.

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▫ Recife

Na capital pernambucana, por sua vez, uma iniciativa da agência Marco Zero Conteúdo quer conhecer e mapear as experiências de produção de conteúdo de comunicação popular na Região Metropolitana do Recife (RMR). Objetiva identificar Coletivos e grupos que produzem e distribuem informação sobre e para as suas comunidades - os dados coletados serão organizados e disponibilizados na internet em formato de mapa interativo e georreferenciado para que qualquer pessoa ou instituição possa acessá-los. 

Debates Configurações |  Confira debates de congressos promovidos por redes de jornalistas na Europa e no Brasil sobre a aplicação dos dados em projetos jornalísticos locais:

Saiba Mais

□ Iniciativas Referenciais no País

No Brasil, as próprias redações ainda não se mostram preparadas para esse novo modelo. A principal dificuldade apontada é a falta de recursos (o jornalismo de dados exige equipes capacitadas para exercê-lo), além do ritmo adotado: o jornalista já tem muitas atribuições, tem que cobrir variados assuntos, o que acaba por impedir uma tarefa adicional de análise de dados e a produção de conteúdo de forma mais demorada. A formação dos jornalistas também não é adequada a essa nova realidade - a história de alguns dos atuais jornalistas de dados do país mostra que o conhecimento das técnicas envolvidas foi aprendido autodidaticamente (existem iniciativas importantes para capacitar os profissionais brasileiros, conheça em nossa seção sobre Jornalismo de Dados).

Apesar disso, iniciativas diversas, em grandes e pequenas redações, elevaram o status e a qualidade do jornalismo de dados feito no Brasil nos últimos anos. Alguns veículos de destaque em muitos estados possuem iniciativas importantes em visualização - como a Gazeta do Povo (PR), que disponibiliza seus trabalhos visuais em uma página especial, já chegou a ser finalista do prêmio internacional de jornalismo de dados e fazer importantes levantamentos sobre salários do Judiciário; ou ainda o Poder 360, que tem uma iniciativa especial de pesquisa de opinião, a DataPoder, com infografias também disponibilizadas, via redes sociais. O surgimento de agências menores como Gênero e Número, DataLabe (laboratório de dados localizado na favela da Maré, no Rio de Janeiro), Marco Zero (sediado em Recife), e ainda outras abordagens, como a do JOTA, e Caixa de Dados (coluna criada em 2018, pelo portal NSC Total, de Santa Catarina), contribuíram para esse avanço.

Debate Configurações |  Com o objetivo de gerar notícias, como o processo de uso de dados está sendo implantado no Brasil? A incorporação dessas técnicas no cotidiano das redações, com a função de aprimorar o trabalho diário da reportagem, é eficiente?

| Folha, Estadão e Nexo

Criado em 2012 em parceria com o programa do programa Knight, do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), o FolhaSP Dados foi pioneiro no país na prática de jornalismo de dados. Rebatizada de DeltaFolha, é atualmente uma editoria multidisciplinar com profissionais nas áreas de biologia, ciências sociais e design que transformam grandes bases de dados em produtos jornalísticos (reportagens, infográficos e especiais) - seus trabalhos podem ser ainda acompanhados pelo Twitter. O jornal possui também o Banco de Dados Folha: o primeiro centro de documentação jornalístico brasileiro a armazenar em computador o texto integral do jornal e a organizar banco fotográfico digital. Sua biblioteca possui mais de 12 mil livros de referência – obras raras, enciclopédias, mapas e multimídia.

Igualmente um divisor de águas, o Estadão Dados, do O Estado de S. Paulo, começou com três jornalistasJosé Roberto de Toledo, Amanda Rossi e Daniel Bramatti  –  e um programador  –  Diego Rabatone, que tiveram a missão de disseminar o jornalismo de dados em toda a redação. A primeira iniciativa do grupo (veja a lista completa aqui), o Basômetro (estreou em maio de 2012), foi uma ferramenta interativa que media o grau de governismo de parlamentares e partidos, ao permitir a análise de votações segundo critérios definidos pelo próprio usuário e rendeu até mesmo um livro. É possível conferir seus trabalhos de infografia em uma seção especializada.

Dentre as apurações relevantes já feitas, a de que desde 1994, o dinheiro público para partidos aumentou 25 vezes e o especial "Crianças que leem" - no qual através de dados da prova ANA 2016, aplicada em todo o país, conseguiram mapear quais são os melhores municípios para uma criança aprender a ler e escrever. Dentre as 10 melhores escolas do Brasil, 9 ficam em Granja, no interior do Ceará. Com esses dados tabularam e analisaram a educação em todas as escolas públicas, identificando "dois Brasis": um, com mais de 80% dos alunos com leitura insuficiente, ficou para trás - e outro, que tem avançado nas políticas públicas do ensino fundamental. Conheça outras recentes aqui.

Já o Nexo é um jornal digital, lançado em novembro de 2015, com o objetivo de trazer contexto às notícias e ampliar o acesso a dados e estatísticas. É uma iniciativa independente, financiada com recursos próprios, e tem três cofundadores: Paula Miraglia, Renata Rizzi e Conrado Corsalette. Com sede em São Paulo, sua equipe é constituída por 30 pessoas com diferentes formações e habilidades, incluindo jornalismo, ciências sociais, estatística, ciência de dados, design, tecnologia, marketing e negócios. Sem publicidade no site, o jornal dá acesso a 3 conteúdos livres por mês. Sua principal fonte de receitas são as assinaturas (saiba mais aqui). Possui um rico acervo visual, com base de centenas de produções.

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| O Globo

Um dos principais veículos de comunicação do país mantém um blog, o "Na Base dos Dados", onde aborda temas e assuntos relacionados ao jornalismo guiado por dados no Brasil e de outros países. Disponibiliza bases, apresenta análises, gráficos, infográficos e reportagens produzidos pela equipe do jornal - entre uma de suas apurações, vale verificar a "Apenas 26% dos projetos aprovados pela Lei Rouanet captaram recursos em 2018". Para os interessados em acompanhar conteúdo de formação, o jornalista Fábio Vasconcellos, que em 2014, ajudou a criar e coordenou o Núcleo de Jornalismo de Dados do Globo (e é atualmente professor da UERJ e da ESPM) mantém também um blog de orientação.

Em 2018, o grupo Globo, que é o maior conglomerado de mídia e comunicação do Brasil e América Latina, adicionalmente lançou o Globo Lab Dados, um programa de formação e cocriação multidisciplinar com o objetivo de solucionar questões práticas do universo da mídia a partir do uso de dados, envolvendo áreas como Inteligência Artificial, Comunicação, Ciência de Dados, Empreendedorismo, Estatística, Artes e Design, entre outras, para o desenvolvimento de novas técnicas, ferramentas, processos e serviços. A duração do programa é de um ano e a maior parte das atividades ocorrem na PUC-Rio. Alunos de qualquer área e de qualquer universidade podem se candidatar. O Profissão Repórter exibiu uma série de reportagens pensadas por participantes da iniciativa, confira aqui.

| A Gazeta

O jornal A Gazeta (Vitória/ES), integrante da Rede Gazeta, estabeleceu em 2018 um grupo especial de jornalistas que ficaram responsáveis pelo jornalismo de dados: o G.Dados. O veículo, com diversas matérias robustas premiadas (dentre elas a "Máfia da Pesca", "Caixa-Preta dos Sindicatos", "Perigo na Estrada" e "Esgoto na Baía de Vitória" - a segunda da lista pelo prêmio internacional da área), não parou por aí: inaugurou em 2019 um projeto inovador: sua Mesa de Performance. A nova editoria usa dados de inteligência artificial, em tempo real, para medir o impacto de todas as suas publicações, viralização de conteúdos e assuntos que mais interessam aos internautas. O setor reúne, além de jornalistas, analistas de dados, profissionais de marketing e especialista em SEO (search engine optimization). A iniciativa é fruto do projeto Gazeta2020, que visa transformar a distribuição de conteúdo jornalístico priorizando o ambiente digital - em setembro, o jornal deixou de circular em formato impresso diário e lançou um novo website. O modelo, inédito no país, foi construído após uma série de viagens a redações do Brasil e do mundo, como A Gazeta do Povo (Curitiba), Estadão (São Paulo), Metrópoles (Brasília), The New York Times (Nova York), El Diario (Espanha), entre outros. Cabe ainda destacar que possui um projeto dedicado ao monitoramento e combate de notícias falsas: o Passando a Limpo.

Rede Gazeta - Mesa de Performance

| Núcleo

O Núcleo é um veículo jornalístico fundado em janeiro de 2020, com a missão de produzir investigações a partir de dados públicos e trazer mais transparência ao governo, ao debate político e a políticas públicas, em diferentes esferas e localidades. A iniciativa é liderada pela agência Volt Data Lab.

| Fiquem Sabendo

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Fiquem Sabendo é uma agência de dados públicos independente e especializada na Lei de Acesso à Informação, que se propõe a revelar informações de interesse social que o poder público não divulga, por meio de uma linguagem clara, transparente e de fácil compreensão, séries estatísticas que permitam ao leitor compreender como os serviços públicos estão sendo prestados e de que forma o dinheiro do contribuinte está sendo gasto. Seus levantamentos já foram usados como fonte de mais de 100 reportagens publicadas na imprensa, nacional e regional, com base em dados publicados em sua newsletter especial gratuita, a “Don’t LAI to me”. O Fiquem Sabendo também mantém um canal no Youtube, com vários videos explicando processos para obtenção de informações.

| Gênero e Numero

A Gênero e Número existe para dar para visibilidade a dados e a evidências relevantes para o debate sobre equidade de gênero: é a primeira plataforma brasileira que aborda questões de gênero a partir de dados. É uma plataforma apartidária e seu jornalismo preza pela transparência e dados abertos. Com sede no RJ, tem múltiplas fontes de financiamento: além das doações de pessoas físicas e de organizações filantrópicas, realizam eventos relacionados à temas relevantes para a equidade de gênero e trabalham em parcerias com organizações diversas para o desenvolvimento de projetos e publicações. 

| InfoAmazônia 

Idealizado pelo jornalista Gustavo Faleiros, do portal O Eco, o InfoAmazônia é uma plataforma de dados e agência de jornalismo dedicada a aumentar o engajamento para as questões socioambientais da Amazônia: agrega narrativas abertas sobre a maior floresta tropical contínua do mundo. O projeto, lançado em 2012, é sustentado por uma rede de organizações e jornalistas que colaboram com atualizações sobre os nove países da região. O resultado são mapas que mostram aspectos como áreas protegidas e territórios indígenas, desmatamento, petróleo e gás, hidrelétricas e mineração, permitindo uma melhor percepção sobre os desafios para a conservação da floresta. Para saber mais sobre jornalismo de dados e meio ambiente, confira o blog de dados antigo de O Eco.

| Monitor da Violência

O Monitor da Violência, uma parceria entre o G1, o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, começou em setembro de 2017 com o objetivo discutir a questão da violência no país e apontar caminhos para combatê-la juntando linguagem jornalística e acadêmica. O G1 possui uma das mais amplas redes de profissionais de jornalismo cobrindo notícias nas 27 unidades da federação, com redações em mais de 50 cidades, e no caso específico da violência, chegam a apurar anualmente 4 mil histórias de homicídios. Para aproveitar esse esforço, o NEV-USP, que vem pesquisando sobre o tema no Brasil, procurou a redação do G1 para apresentar uma iniciativa que buscasse aproveitar essa produção industrial de histórias de maneira conjunta. Clara Velasco, do G1, conta como os jornalistas de um dos maiores veículos de comunicação do país vem utilizando os dados para traçar o mapa da violência no Brasil:

| Newsletter Brasil Real Oficial

newsletter semanal e gratuita propõe-se a ser uma curadoria do que de mais importante foi publicado na parte normativa do Diário Oficial (a Seção 1, onde são publicados decretos, medidas provisórias, instruções normativas, portarias regulamentadoras, sanções e vetos de leis aprovadas pelo Congresso).

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| Agência Tatu

A Agência Tatu de Jornalismo de Dados surgiu como um veículo laboratorial desenvolvido por três estudantes de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), os quais tinham o desejo em comum de fundar uma agência de notícias com foco em matérias produzidas com dados. Com o apoio de três professores do curso, muita pesquisa, estudos e investimentos, o veículo foi lançado oficialmente em abril de 2017. Seu conteúdo é estruturado no trabalho conjunto entre jornalismo e dados abertos, por isso, sempre disponibilizam os dados e documentos utilizados em materiais jornalísticos ao final do texto, em formato aberto (xls. ou csv.), para que a informação possa ser checada pelo leitor, ou mesmo suscite novos projetos e discussões.

| Painel Jornalismo

É uma iniciativa independente, financiada com recursos próprios, de jornalismo de dados na Região do Alto Tietê (SP). Seu principal objetivo é democratizar o acesso às informações públicas, bem como promover o seu contexto e embasar debates socialmente relevantes. Também tem como objetivo a capacitação de cidadãos no processo de apuração e análise de informações públicas.

□ Iniciativas Referenciais em PE
  • Uma por Uma

O especial multimídia criado por jornalistas do Jornal do Commercio relata a história de todas as mulheres assassinadas em Pernambuco no ano de 2018 e tem ganhado vários reconhecimentos, até mesmo internacionais. Mais do que registrar, o banco de dados mapeia onde as mulheres foram mortas, destaca as motivações para o crime, acompanha as investigações e cobra punição dos culpados. 

  • Colunas JC

O Jornal do Commercio ainda se destaca pelo trabalho das colunas Ronda JC e Mobilidade (dos jornalistas Raphael Guerra e Roberta Soares), que costumam fazer uso da Lei de Acesso à Informação para a publicação mais precisa de análises, sempre acompanhadas de infográficos para facilitar a compreensão dos dados obtidos.

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  • João Valadares

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Destaque nacional, o trabalho do jornalista João Valadares tem papel de referência no uso de ferramentas de transparência para desnudar o funcionamento do poder Judiciário pernambucano. Com atuação mais relevante nas áreas de política e de direitos humanos, venceu todos os principais prêmios jornalísticos do país, entre eles, Esso, Vladmir Herzog, Embratel, Caixa e Cristina Tavares. Trabalhou como repórter especial no Correio Braziliense e no Jornal do Commercio e atualmente é colunista da Folha de São Paulo no estado. Em 2007, João foi um dos criadores do Blog Pebodycount, que funcionou como importante meio de informação e denúncia sobre os alarmantes índices da violência no Recife, contabilizando o número de homicídios em Pernambuco entre os anos de 2007 a 2010.

Confira  Matérias

| Verificação e Combate à Fake News

A Agência Lupa foi a primeira agência especializada em fact-checking do Brasil - fundada em 2015, integra a International Fact-Checking Network (IFCN). Hoje, diante do preocupante cenário de difusão de notícias falsas, iniciativas coletivas e robustas já existem no país, como o Projeto Comprova, liderado pela Abraji, que reúne jornalistas de 28 diferentes veículos de comunicação brasileiros para descobrir e investigar informações enganosas, inventadas e deliberadamente falsas sobre políticas públicas compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens. 

Em PE, o mestrado de Indústrias Criativas da Unicap vem se tornando pioneiro no desenvolvimento de novos produtos voltados a atender demandas no campo da comunicação. Em novembro de 2019, pesquisadores do programa, em parceria com o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, ficaram entre os 30 vencedores do Desafio de Inovação da Google News Initiative (GNI) na América Latina. Dentre os mais de 300 projetos inscritos, o grupo entrou com o aplicativo “Verifica.AÍ”, criado originalmente com a ideia de facilitar a checagem da vericidade de notícias sobre as eleições presidenciais brasileiras de 2018, as chamadas, “fake news”. 

 

O app é bem simples de ser usado, basta baixar e instalar em seu celular. Em seguida, é só copiar e colar o link da notícia e clicar no botão “verificar”. Em poucos segundos você já tem a comprovação se a notícia é falsa ou verdadeira. A junção dos conceitos aplicados nos cursos de Jogos digitais, Ciências da Computação e Jornalismo da Unicap, confere a credibilidade e o sucesso da ferramenta, cujo sistema será redesenhado para ser desenvolvido em novos processos eleitorais e comunicacionais - sob o nome de “Confere.AI” e uma parceria entre JC e Google (cerca de R$ 16,5 milhões de reais serão disponibilizados para o financiamento).

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| Visualização de Dados

Designers de informação têm um papel importante. Boas visualizações de dados contam histórias complexas de forma simples e clara, sem nunca descurar do cumprimento rigoroso da apuração. No país, o website do Rodrigo Menegat, o blog do jornalista Ilo Aguiar e o projeto Dados Finos fornecem um acervo de tutoriais e casos exemplos para orientar os interessados em revigorar o exercício do jornalismo através da visualização. Além deles, são notáveis os seguintes guias pernambucanos:

  • DataVizBR

Embora já fortemente utilizados por veículos internacionais, a criação de conteúdo sobre visualização de dados em português é algo que ainda precisa de impulso para decolar. Aumentar o alcance desse conteúdo é missão e desejo desde sempre do DataVizbr, projeto vanguardista na capital pernambucana, criado pelo Prof. Rodrigo Medeiros - designer de interação e pesquisador em visualização de dados (professor do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico do IFPB, Professor Colaborador do Mestrado em Engenharia de Software do CESAR School, local leader da IxDA Recife). Recomendamos a seleção de conteúdo recente sobre o assunto no Youtube e sua apresentação disponível com dicas para quem quer começar a trabalhar na área.

  • Prof. Dr. Ricardo Cunha Lima

Outra grande referência no assunto é o Professor Ricardo Cunha Lima (UFPE/CAA), infografista que, depois de trabalhar bastante no mercado editorial (InfoGlobo, Correio Braziliense e diversas colaborações para revistas e editoras), mergulhou na academia e fez doutorado em design de informação. Para ler conhecer a área, ele recomenda os livros do Ary Moraes (UFRJ), Mario Kanno (Escola Panamericana), Tattiana Teixeira (UFBA) e Alberto Cairo (Universidade de Miami), além dos cursos do Pensar InfográficoQuem quiser conhecer suas pesquisas sobre infografia encontrará textos aqui. Vale acompanhar ainda seu podcast especial (o Visual+mente), ou suas dicas nas redes sociais.

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| Prof. Ricardo Cunha Lima em palestra no Open Data Day Recife, 2020

□ Instituições de Fomento

| Associação Brasileira de

Jornalismo Investigativo (ABRAJI)

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Em dezembro de 2002, cerca de 140 jornalistas reunidos no auditório Freitas Nobre, da Escola de Comunicações e Artes da USP, decidiram associar-se no que se tornou a Abraji. Os objetivos inscritos no estatuto da associação permanecem os mesmos quinze anos mais tarde: o aprimoramento profissional dos jornalistas e a difusão dos conceitos e técnicas da reportagem investigativa. Uma das formas mais eficientes de perseguir essas metas é a organização de congressos, seminários e cursos. Desde 2015, a Abraji estruturou uma central de cursos on-line que tem oferecido treinamentos em jornalismo de dados, uso de SQL, cobertura de educação, uso da Lei de Acesso a Informações, investigação de contratos públicos, leitura de balanços de empresas e outros. 

 

Outra das missões da Abraji é a defesa do direito de acesso a informações públicas: desde 2003, a associação coordena o Fórum de Acesso, rede de 25 organizações cuja pressão foi fundamental para a redação e aprovação da Lei de Acesso a Informações em fins de 2011. Hoje, a Abraji trabalha em diferentes projetos para garantir que organismos em diferentes níveis e esferas de poder cumpram a legislação. Finalmente, a defesa da liberdade de expressão, que está no DNA da Abraji, compõe o terceiro pilar de atuação, com oferecimento de cursos de segurança para jornalistas, elaboração de um guia para cobertura de protestos e o acompanhamento de casos de censura judicial e de violência contra jornalistas. A entidade mantém um canal no Youtube com registros de diversos eventos e cursos realizados, não deixe de conferir.

| Centro Knight para o Jornalismo nas Américas

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O Centro Knight para o Jornalismo nas Américas é um programa de extensão e capacitação profissional para jornalistas na América Latina e no Caribe. Seus programas de treinamento já beneficiaram milhares de profissionais e professores de jornalismo na região. O Centro também ajudou a criar uma nova geração de organizações jornalísticas independentes - que por sua vez, têm desenvolvido programas de treinamento auto-sustentáveis com o objetivo de aumentar os níveis éticos e metodológicos do jornalismo, contribuindo assim ao aprimoramento da liberdade de imprensa e da democracia no hemisfério.

A iniciativa manteve um blog, o "Jornalismo nas Américas", lançado em 2003 e com publicações em inglês, espanhol e português, que rendeu diversas publicações online (E-books) sobre o assunto, além de servir como um monitor da liberdade de imprensa em todo o continente. Em 2020, foi anunciada sua reformulação - após um hiatus, voltará como uma publicação independente chamada LatAm Journalism Review.

| Conferência de Jornalismo de Dados e Métodos Digitais (Coda.Br)

O encontro é o primeiro do Brasil com foco em jornalismo de dados. O objetivo é reunir os melhores profissionais do mercado para trocar ensinamentos e experiências sobre a área. A proposta é que os participantes – iniciantes ou avançados em jornalismo de dados – possam colocar a mão na massa, compartilhar conhecimento, aprender, expandir o networking, refletir e sair do evento prontos para melhorar ou tirar do papel seus projetos guiados por dados. A conferência conta com o apoio da Abraji, do La Nación Data, do Knight Center for Journalism in the Americas e da Python Software Foundation.

| Escola de Dados e 

Prêmio Cláudio Weber Abramo

A Escola de Dados é uma rede global da Open Knowledge Foundation, presente em mais de 20 países, com a missão de capacitar cidadãos no mundo dos dados, de modo a contribuir com o fortalecimento das democracias. Responsável por dezenas de tutoriais e formações presenciais e online: milhares de pessoas em todo o mundo já aprenderam com a rede a trabalhar com dados abertos, atua há sete anos no Brasil com foco na formação de ONGs e jornalistas, ensinando-os a usar dados abertos para estimular o debate bem informado, promover transparência e criar narrativas eficazes para suas agendas. Para incentivar ainda mais o ecossistema de jornalismo de dados no país, o projeto criou um prêmio especial: o prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados. Dividido em quatro categorias: Investigação guiada por dados, Visualização, Inovação em jornalismo de dados e Jornalismo e dados abertos. 

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| Fórum Jornalismo de Dados

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Essa é uma comunidade criada em agosto de 2019 para discutir assuntos relacionados ao jornalismo de dados no Brasil e no mundo. Desde dúvidas, sejam elas técnicas ou mais conceituais, exemplos inspiradores, discussões instigantes e ajudar a outras pessoas.

| Universidades

É uma realidade nacional a necessidade de repensar a grade das graduações em Jornalismo nas universidades, para permitir que os futuros jornalistas possam encontrar uma formação mínima mais segura e adequada às necessidades das atividades do jornalismo de dados. Nos Estados Unidos, diversos centros de excelência oferecem através de seus programas de pós-graduação (como os programas de Columbia, Berkeley, e ainda o Nieman Journalism Lab, de Harvard) não só uma fonte acadêmica de qualificação, mas de interação com a sociedade, contribuindo para treinar interessados fora dos campos universitários - como Stanford, que possui um programa de bolsas especial para a aplicação em análise cultural.

No país, algumas especializações e mestrados também já começam a oferecer linhas de pesquisa focadas na área: entre os exemplos podemos mencionar a ESPM (SP), UFSC (SC), UFPE (PE), Universidade Católica de Brasília (DF) e UFGRS (RS). Um ótimo exemplo dos frutos que a academia pode gerar vem do Manual online sobre Jornalismo de Dados aplicado à cobertura de Economia, especificamente de finanças e negócios, produzido para conclusão de mestrado em Tecnologia, Comunicação e Educação na Universidade Federal de Uberlândia, pela jornalisa Mariana Segala.

▫ UFPE

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Jornalista e Doutor em Comunicação pela UFBA, o Professor e pesquisador Rodrigo Cunha ministra a disciplina de Jornalismo de Dados na UFPE e promoveu em 2019 o Cerveja com Dados Recife. Coordena o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Design da Informação Jornalística – GRID – que nasceu em 2016 com o propósito de trabalhar com temas relacionados ao design editorial, visualização da informação e jornalismo de dados. Atualmente, está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação, da UFPE.

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| Prof. Rodrigo Cunha em palestra no Open Data Day Recife, 2020

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