Referências no Mundo
Um olhar panorâmico para entender bons caminhos
Diversas iniciativas mundiais de dados abertos governamentais surgiram na última década, tendo a transparência e a reutilização como seus dois principais objetivos. O cenário global fornece perspectivas de como desenvolver ferramentas ou disponibilizar dados até mesmo em nível local (bairros e comunidades).
Você sabia que mais de 500 localidades do mundo já possuem portais de dados abertos e que a União Européia oferece mais de 770 mil bancos de dados em seu portal especial? O Brasil também não está muito atrás disso e dispõe mais de 7 mil conjuntos abertos sobre diversos temas, de uso livre e irrestrito – além de algumas cidades do país, como Curitiba, São Paulo, Recife, Porto Alegre e Rio de Janeiro, que igualmente liberam seus dados em formato aberto em portais na internet, reunindo informações públicas dos municípios para reutilização.
Listamos abaixo diversas iniciativas governamentais referenciais em todo o mundo, desde sistemas de busca universais até ferramentas comunitárias – passando por várias criadas em âmbitos de instituições regionais e internacionais importantes. Caso tenha interesse em saber mais sobre bases nacionais ou a história de abertura em todo o país (âmbito federal e local), consulte as seções específicas – e conheça ainda os movimentos da sociedade que lutam para ampliar ainda mais a disponibilização de dados. Se tiver alguma sugestão que deveria estar aqui, não deixe de enviarツ!
□ Índice Global de Dados Abertos Governamentais
〉 + Abertura global e Padrões de Qualidade
O Índice Global de Dados Abertos (GODI) é a referência global anual para publicação de dados abertos de governos, administrada pela Open Knowledge Network. Ele mede a abertura dos dados governamentais de dezenas de países de acordo com a definição aberta. Por ter uma ferramenta que é administrada pela sociedade civil, o GODI cria informações valiosas para os editores de dados do governo entenderem onde eles têm lacunas. Também mostra como torná-los mais utilizáveis e, eventualmente, mais impactantes. GODI, portanto, fornece um feedback importante do que geralmente faltam aos governos.
Brasil | O pais está entre os dez governos mais abertos do mundo, na oitava posição do ranking.
□ Buscadores Universais
| Google Dataset Search
A ferramenta – ainda em versão beta – fornece acesso a milhões de conjuntos de dados em milhares de repositórios de dados na web em todo o mundo. A pesquisa mostra os resultados dos sites dos editores, das bibliotecas digitais e das páginas pessoais dos autores. Saiba Mais sobre a Plataforma ou assista ao vídeo:
| European Data Portal e Open Data Monitor (Europa)
O Portal Europeu de Dados foi criado para reunir informações do setor público dos 28 Estados-Membros Europeus e dos quatro países da EFTA. Já o Open Data Monitor oferece aos visitantes uma visão geral dos recursos de dados abertos disponíveis, permitindo que eles analisem e visualizem catálogos de dados existentes nos países europeus usando tecnologias inovadoras - por exemplo, a agregação de catálogos de uma região ou país pode ser facilmente visualizada para desenhar uma imagem exata da situação dos dados abertos e permitir a comparação com outras áreas. Esses processos revelam informações ocultas em potencial e essenciais dos recursos existentes e identificam lacunas onde são necessários dados abertos adicionais. Um dos principais objetivos da plataforma é pesquisar e desenvolver um esquema de harmonização e metodologias para abordar a diversidade de bases.
| Data World
O data.world abriga a maior comunidade de dados colaborativos do mundo, gratuita e aberta ao público. Oferecida por uma empresa de interesse público (especializada em fornecer condições para monitorar e otimizar iniciativas de análise de dados e governança), possibilita encontrar um local onde as pessoas descobrem dados, compartilham análises e se unem em tudo, desde a detecção de bots sociais ao jornalismo de dados de alto nível. A plataforma de compartilhamento permite uma pesquisa fácil por temas de interesse, compreensão rápida dos assuntos levantados nas bases, seguir e acompanhar projetos, além claro, do trabalho conjunto:
| Open Data Inception
Este mapa interativo permite explorar mais de 2,5 mil portais de dados abertos ao redor do mundo geoetiquetados por país. O interessante de sua visualização é a consolidação em um só lugar de distintas fontes de informação sobre portais de dados abertos de cidades, países e organizações. O objetivo deste projeto é facilitar o acesso e a busca de dados abertos - para isso, inclui uma função de busca para filtrar rapidamente por tema ou lugar de interesse. A plataforma permite incluir portais no mapa. Também, pode-se acessar a lista completa de portais na página web de Open Data Soft e da API.
| DataPortals
Trata-se de um mapeamento de 519 portais com uma curadoria feita por um grupo de especialistas de dados abertos do mundo todo que incluem representantes dos governos locais, regionais e nacionais junto com organizações internacionais como o Banco Mundial e numerosas ONGs. A informação também está disponível em Github e nos formatos CSV ou JSON.
□ Internacionais/Regionais
| Iniciativa Latino-Americana (ILDA)
A Iniciativa Latino-Americana de Dados Abertos (ILDA) é um projeto que busca entender e promover políticas e usos de dados abertos na América Latina para estimular o desenvolvimento inclusivo da região. Nasceu após a primeira Conferência Regional de Dados Abertos (Condatos) em Montevidéu, Uruguai, em 2013, com o apoio do Centro Internacional de Pesquisa em Desenvolvimento (IDRC). O principal objetivo da ILDA é pesquisar e colaborar com a emergente comunidade latino-americana de dados abertos e tecnologia cívica (tanto governos, como sociedade civil).
| Combate à Corrupção ▫ PIDA (OEA)
O Programa Interamericano de Dados Abertos para Prevenir e Combater a Corrupção (PIDA) é um dos 57 pontos do Compromisso de Lima, documento que reúne os acordos firmados pelos governos de nosso continente na VIII Cúpula das Américas, realizada no Peru em abril de 2018, pela OEA. Outras medidas acordadas naquele evento pedem o fortalecimento do governo aberto e de dados abertos, em consonância com os insumos fornecidos pela sociedade civil por meio de sua declaração contra a corrupção. Dois meses depois, os países da região endossaram seu compromisso na 48ª Assembléia Geral da OEA e aprovaram que a Resolução para Fortalecer a Democracia.
Em princípio, o PIDA sugere a soma de dois instrumentos: o guia de dados anticorrupção da Carta de Dados Abertos e o Padrão de Contratação Aberta. Embora o guia de dados anticorrupção inclua o Padrão Aberto de Contratação, o programa promove a necessidade de um capítulo específico que aborda a adoção e implementação do Padrão Aberto de Contratação nos países da região. Como conseguir isso? Os Estados e a sociedade civil devem concordar com um esquema colaborativo para adoção como instrumentos deste programa.
| Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma organização internacional de 36 países que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia de mercado, que procura fornecer uma plataforma para comparar políticas econômicas, solucionar problemas comuns e coordenar políticas domésticas e internacionais. A maioria dos membros da OCDE é composta por economias com um elevado PIB per capita e Índice de Desenvolvimento Humano, considerados países desenvolvidos.
A Organização disponibiliza em Relatório suas iniciativas relacionadas à promoção de dados abertos nos países integrantes. Seu portal de dados abertos governamentais pode ser acessado aqui e seu repositório de análises sobre integridade publica e combate à corrupção aqui.
| Banco Mundial ▫ World Bank Open Data
O Banco Mundial produz uma série de publicações de dados em vários formatos (impressos e eletrônicos) que cobrem uma ampla gama de questões de desenvolvimento sobre mais de 200 países. Eles também tornam os dados mais disponíveis e acessíveis, principalmente através do uso de mapas, tabelas e gráficos – além de disponibilizarem um repositório de conhecimento produzido com as informações. O banco de dados do Banco é a fonte profissional de dados mais amplamente usada sobre os países no mundo (aqui você pode encontrar um tutorial de forma de uso).
Nos últimos cinco anos, o Banco Mundial também prestou assistência técnica e financiamento para atividades de dados abertos em mais de 50 países, estimados de forma conservadora em mais de US $50 milhões, de diversas fontes. Um relatório do período 2012-2017 pode ser conferido aqui.
| Banco Interamericano de Desenvolvimento
▫ BID
O Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, com sede em Washington D.C. (EUA), fundado em 1959, é uma das principais fontes de financiamento multilateral para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e do Caribe. Desempenha também um papel fundamental na integração regional. Seu Portal de Dados Abertos, chamado “Números para Desenvolvimiento”, permite explorar, visualizar e reutilizar os dados do Banco. A iniciativa compila mais de 1700 indicadores multissetoriais de 26 países na região em um único local, com dados que foram coletados pelo Banco por mais de 50 anos. O novo portal inclui dados em muitos tópicos distintos, incluindo aspectos macroeconômicos, de inclusão social e integração global. Além disso, há mais de 30 conjuntos de dados do BID e visualizações abertas disponíveis para serem exibidas e baixadas.
Conheça 5 maneiras de usar o novo Portal de Dados Abertos do BID, em artigo de Rodrigo Calloni da Biblioteca Felipe Herrera do Banco Interamericano de Desenvolvimento;
Leia o artigo de "O que dizem os dados abertos sobre integração e desenvolvimento da América Latina e Caribe?" de Paula Alzualde, para o blog Abierto al Público, do BID.
| Observatório Global de Saúde
▫ Organização Mundial de Saúde
O Global Health Observatory (GHO) contém uma extensa lista de indicadores, que podem ser selecionados por tema ou por meio de uma funcionalidade de consulta multidimensional. É o principal repositório de estatísticas de saúde da Organização Mundial da Saúde. Ainda é possível encontrar dados regionais da América Latina e publicações de estudos científicos sobre doenças locais, através da PAHO (Organização Pan Americana de Saúde, ligada à OMS).
□ Bases Locais
| Dados Abertos de Conselhos Municipais ▫ Holanda
Mais de cem municípios holandeses divulgam os Dados dos Conselhos de maneira aberta, incluindo todos os documentos do conselho municipal – decisões, agendas, moções, emendas e documentos de política – de maneira fácil e conjunta. Os dados estão agora disponíveis para reutilização em aplicativos. Já existe inclusive o primeiro aplicativo que reutiliza: o WhereGovernment. Cidadãos, empresários, jornalistas, funcionários públicos, jornalistas, cientistas e todas as outras partes interessadas podem usar o Open Council Data para verificar facilmente o que está acontecendo nos municípios em torno de um tema específico. Rural, regional, por município ou mesmo por bairro.
| Diversos ▫ Data USA, EUA
Com mais de 2,5 milhões de visualizações, a Data USA é o maior e mais abrangente site de dados do governo dos EUA, focado em indústrias, empregos, ensino superior, saúde, gastos governamentais, demografia regional e muito mais.
| Saúde Pública ▫ 500 Cities, EUA
O objetivo do Projeto 500 Cidades é fornecer estimativas de pequenas áreas no nível da cidade e do setor censitário para fatores de risco de doenças crônicas, resultados de saúde e uso de serviços preventivos clínicos para as maiores 500 cidades dos Estados Unidos. Essas pequenas estimativas de área permitirão que as cidades e os departamentos de saúde locais entendam melhor a carga e a distribuição geográfica das variáveis relacionadas à saúde em suas jurisdições e os ajudem a planejar intervenções de saúde pública.
| Dados diversos ▫ Policy Map, EUA
O PolicyMap oferece mapeamento online fácil de usar, com dados demográficos, imobiliários, saúde, empregos e muito mais, em comunidades nos EUA. Da sala de aula à sala de reuniões, milhares de organizações confiam na plataforma para encontrar os dados certos para suas pesquisas, estudos de mercado, planejamento de negócios, seleção de locais, pedidos de subsídios e análise de impacto.
| Data Chile
Na América Latina e no Caribe, existem muitos bons exemplos de visualização de dados oficiais. No Chile, o portal Data Chile não apenas reúne um grande número de bancos de dados. Ele também permite que o usuário consulte e gere diferentes tipos de visualizações para identificar rapidamente tendências e avanços nas diferentes indústrias do país e na prestação de serviços públicos.
| BA Obras Buenos Aires
Através da plataforma BA Obras é possível conhecer +de 900 obras públicas da cidade de Buenos Aires, capital da Argentina (o primeiro distrito a publicar seus dados em formato aberto no pais, mediante portal criado em 2012). Os dados também são disponibilizados em formato aberto.
| Barcelona BCN Open Data
O Open Data BCN Portal, o Open Data Service da Câmara Municipal de Barcelona (Espanha), é apresentado como um espaço otimizado para todos os tipos de dispositivos (PC, tablets e telefones celulares), a fim de facilitar o acesso a todos os usuários e visitantes. Há um total de 435 conjuntos de dados, é multi-idioma (catalão, espanhol e inglês) e está licenciado sob CC BY (ver Termos de uso). O Catálogo de Conjuntos de Dados é a seção principal do portal, onde os usuários podem encontrar todas as informações que a cidade coloca à sua disposição em um formato reutilizável. A informação é classificada em 5 grandes temas: Administração, Cidade e serviços, Economia e negócios, População e Território, que possuem diferentes subtópicos. No portal também é possível encontrar informações sobre o Desafio Barcelona Dades Obertes, um concurso que promove o uso de dados abertos como um recurso educacional nos centros da cidade.
| Madrid
O portal de dados abertos de Madrid, capital da Espanha, é um dos raros a contar com uma seção especial para que os cidadãos da cidade sugiram tipos de bases para serem abertas (“Colabora”). Conta também com uma parte especial para repositório de jornalismo de dados, com base em informações disponibilizadas pela ferramenta.
O portal de Madrid ainda permite que o visitante comunique sua impressão ou um erro nos dados >
| NYC Open Data
Em muitas cidades, a abertura de dados é uma política técnica ou uma ordem executiva. Na cidade de Nova York, é a lei. Em 7 de março de 2012, o ex-prefeito Bloomberg assinou a Lei Local 11 de 2012, mais conhecida como “Lei de Dados Abertos”, que alterou o código administrativo de Nova York para determinar que todos os dados públicos fossem disponibilizados em um único portal da Web até o final de 2018. Em 2015, 2016 e 2017, o prefeito conseguinte (Bill de Blasio) aprovou várias alterações à Lei, que passou a incluir requisitos mais rigorosos na política de abertura da cidade, como disponibilização de dicionários de dados e retenção de dados, cronogramas de resposta para solicitações públicas e uma extensão das normas para a perpetuidade (saiba mais sobre a política da cidade em nossa seção especial sobre o assunto).